Google pretende liberar chatbot Gemini para crianças com supervisão parental

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Redação

5/6/20253 min read

Empresa estuda liberar acesso à IA para menores de 13 anos por meio de contas com controle parental; especialistas alertam para riscos e reforçam importância da proteção de dados.

O Google está se preparando para liberar o acesso ao Gemini, seu chatbot movido por inteligência artificial, para crianças menores de 13 anos. A novidade será oferecida apenas para usuários com contas supervisionadas pelo Google Family Link, conforme revelou o jornal The New York Times.

A informação veio à tona após um e-mail da empresa enviado ao responsável de uma criança de 8 anos, ao qual o jornal teve acesso na última sexta-feira (2). No comunicado, o Google informa que os aplicativos do Gemini serão disponibilizados em breve para o filho do usuário, e sugere possíveis usos da IA, como auxiliar nos deveres escolares.

Acesso com controle dos pais

A liberação, no entanto, será restrita a perfis com supervisão parental ativa. Isso indica que o Google pretende incorporar ferramentas de controle e medidas adicionais de segurança para garantir um ambiente digital mais seguro para os jovens usuários.

Apesar da sinalização, o Google não detalhou como o chatbot funcionará para essa faixa etária e não forneceu uma data específica para o lançamento do recurso, tampouco confirmou quando ou se ele será disponibilizado para menores de 13 anos no Brasil.

A empresa também ressaltou que o uso do Gemini por crianças não será obrigatório, e reforçou que o assistente pode apresentar erros. Por isso, sugere que os pais incentivem seus filhos a pensar criticamente sobre as respostas fornecidas pela IA.

Orientações aos responsáveis

No mesmo e-mail, o Google forneceu dicas práticas para os pais lidarem com o uso da ferramenta por seus filhos. Entre elas:

  • Lembrar que o Gemini não é humano, mesmo que se comunique como um;

  • Confirmar as respostas recebidas antes de aceitá-las como verdadeiras;

  • Reconhecer que, embora existam filtros para conteúdo impróprio, eles não são infalíveis.

Em entrevista ao New York Times, o porta-voz da empresa, Karl Ryan, também destacou que o Gemini terá proteções específicas para usuários mais jovens e garantiu que os dados dessas contas não serão utilizados para o treinamento dos modelos de IA.

Proteção de dados e desafios legais

A iniciativa do Google reacende o debate sobre os riscos da inteligência artificial na infância e os desafios legais envolvidos. A advogada Antonielle Freitas, especialista em direito digital e proteção de dados do escritório Viseu Advogados, pontua que, embora a IA possa trazer benefícios educacionais, ela também impõe riscos como:

  • Exposição a conteúdos impróprios;

  • Coleta indevida de dados pessoais;

  • Cyberbullying;

  • Impactos do uso excessivo de telas no desenvolvimento infantil.

Freitas ressalta que, no Brasil, a proteção de crianças no ambiente digital está respaldada por legislações como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Nesses casos, é necessário consentimento explícito dos pais para o tratamento de dados de menores.

Além disso, outros marcos regulatórios são importantes para garantir a proteção infantil, como a Constituição Federal, a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, o Marco Civil da Internet e orientações da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

A advogada recomenda que as empresas adotem boas práticas, como:

  • Consentimento parental claro e verificável;

  • Transparência no uso dos dados;

  • Mecanismos eficazes de controle e segurança;

  • Ações educativas para pais e responsáveis;

  • Monitoramento contínuo das ferramentas disponibilizadas.

O possível lançamento do Gemini para menores de idade representa um passo importante e sensível na popularização da inteligência artificial. A proposta de oferecer o serviço com ferramentas de supervisão parental é um avanço, mas ainda exige atenção redobrada quanto à privacidade, segurança e uso consciente por parte dos jovens.

Enquanto o Google não divulga uma data oficial de lançamento, o debate sobre a IA na infância seguirá relevante — e deve envolver pais, educadores, empresas e autoridades.